Junta de Freguesia de Cercosa Junta de Freguesia de Cercosa

História

Cercosa, sede de freguesia situada no extremo sul do concelho de Mortágua, a norte tem como limítrofes as freguesias de Trezói, Marmeleira e União de Freguesias de Mortágua, V.Remigio, Cortegaça e Almalça e a sul é delimitada pela freguesia de Carvalho, concelho de Penacova. O primeiro documento que cita o nome desta freguesia é datado de 919, referenciada como Cerquosa, que é a forma romana gótica, cristalizada do latim “querquosa” (que quer dizer abundante em carvalhos) no testamento de Gosendo e Rodrigo Enes de Gondelim “…cum suas ualles que discurrunt de monte buzaco de portella de salice usque ad riuulo mondecum et ex alia parte per illa portella de cerquosa sicut aque discurrunt quomodo ferit in uanelum ad ribulum mondecum, damus uobis omnia ad integrum sicut superius sonant et quicquid ibi continetur…”

Cercosa só começou a fazer parte integrante do concelho de Mortágua em meados do século XIX, inicialmente, integrava o morgado de Carvalho e Cercosa. Com a abolição dos morgadios e as novas reformas administrativas, Cercosa foi integrada no Concelho de Mortágua e Carvalho no concelho de Penacova.

Cercosa parece ter feito parte integrante das carreiras romanas, Dr. José Assis e Santos afirma que “De Mortágua para Coimbra seguiu durante a Idade Média e quase até ao nosso tempo uma velha estrada por onde canalizava todo o trânsito da Beira Alta para Coimbra – era a Estrada Real…ou, o que é mais provável, existiam duas rotas de trânsito romano – um por Cercosa, Gondelim e Penacova, outra por Santo António do Cântaro, Botão e Eiras. A existência de uma carreira no Galhardo, outra em Cercosa e outra em Vale de Ana Justa, os indícios dum residente romano em Gondelim, assinalam a passagem por esses locais de uma rota de trânsito Romano (…)[1] A Estrada Real seria, então, a principal via de comunicação para Coimbra e sul do país, pois só em 1857 a velha Carreira Romana veria a ser substituída com a construção da estrada macadamizada de Viseu à Mealhada.

Em 1810, a freguesia de Cercosa viria a desempenhar um papel importante, aquando as movimentações das tropas napoleónicas na 3ª Invasão Francesa a Portugal. As tropas francesas comandadas por Massena, seguiram pela Estrada Real, cedo descobriram que não seria fácil a sua passagem por estas terras, a estrada era difícil e não permitia o movimento fora dos caminhos, mais sabiam que paralela a serra (Serra da Bugia) existia um ribeiro que dificultava a passagem. Dizem-nos os habitantes do Galhardo que, segundo os anciãos da aldeia, naqueles terrenos se encontravam sepultados corpos de soldados franceses fruto de um confronto entre a população e os soldados franceses. Também existem relatos que no lugar de Alcordal, no Largo do Terreiro, as tropas napoleónicas instalaram numa casa um hospital que albergava e socorria os feridos da batalha.

Como ex-libris da povoação de Cercosa existe um freixo secular, conta-se que o freixo terá sido roubado de um outro local e depois plantado junto da Igreja. Para o protegerem, a população construiu um muro que o separa da igreja e do caminho mantendo-o forte e resistente às intempéries.

A capela de São João encontra-se bem no meio dos campos de cultivo. Esta capela originou alguns problemas aquando da sua edificação, porque tanto os habitantes de Cercosa como os do Galhardo disputavam a sua localização. A querela acabou em bem com a capela a ser construída entre as duas localidades.

[1] In Mortálacvm (Terras das Lagoas) de José Assis e Santos; volume I, págs. 346 e 347; 1950

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